Uma das discussões do recente “I
Encontro Brasileiro de Estudantes de Psicologia” na USP referia-se à frequentemente
anunciada morte do behaviorismo. A prova de que o behaviorismo não está
morrendo é a própria realização desse I Encontro, de vários encontros regionais
e locais, das inúmeras JACs espalhadas pelo país e dos grupos behavioristas na
internet. Um behaviorista incomoda muita gente, milhares de behavioristas
brasileiros incomodam muito mais.
Para seus adversários o behaviorismo
é pesadelo recorrente, pois sempre volta a incomodar. Para mim não morre tão
cedo, nem vai desaparecer depois de uma altamente improvável vitória total
sobre seus oponentes – nesse caso todas as ciências humanas seriam behavioristas
e o rótulo perderia o sentido, seria apenas sinônimo de humanas. Afinal, faz
pouco mais de um século que Freud puxou o tapete dos racionalistas e furou a
bolha do ego como senhor de suas ações. Lembremo-nos que 150 anos depois de
Darwin o criacionismo ainda viceja e cria problemas para o ensino de biologia.
Teremos ainda uns quinhentos anos até que as fichas (a do Darwin, a do Freud, e
a do Skinner) caiam para as ciências humanas.
Não adianta discutir o que fazer para
que sejamos aceitos. Incomodamos porque nos comportamos como ciência natural. Alguns analistas do comportamento abandonaram as esperanças nas ciências humanas e
apostam na análise do comportamento como ramo da biologia, deixando de lado
inclusive a psicologia como a conhecemos.
O futuro dessa aposta é incerto. Até agora a biologia importou nossas
técnicas, mas não a teoria.
O cientista especializado em qualquer
campo, da biologia celular à poeira das estrelas, quando deixa a proteção de
sua teoria é um cidadão como outro qualquer, politicamente de direita, de centro
ou de esquerda, religioso ou ateu, machista ou feminista, etc., etc. Vive em
ambiente social caracterizado por contingências e regras que evoluíram ao longo
de séculos ou milênios. A “agua” em que está “nadando” parece ser incompatível
com o “cheiro’ do behaviorismo. Ver
Sobre a pessoa como autora de suas
próprias ações, vale a pena ler Richard Rakos:
“It is probably not an overstatement to suggest that a libertarian free
will notion of human agency, one in which people are seen as authors of their
own actions, is the heart of Western religious, philosophical, and legal
understandings of moral responsibility by which Western society articulates its ideas
of justice and accountability.”
Mesmo
nas hard sciences, nas ciências
exatas e naturais, as teorias costumam evitar a questão do livre arbítrio,
apesar dos dados e da lógica com os quais trabalham. O grande problema está no
fato que esses mesmos cientistas sentem que em sua própria vida o livre
arbítrio impera em suas decisões diárias. Para Rakos,
“Neither rational argument nor empirical
demonstrations are likely to modify a genetically-based and culturally
supported belief in free will that is widely, intimately, and repeatedly
experienced and that produces highly adaptive outcomes.”